CPI do BNDES contribui com investigações que culminaram na prisão de Bumlai, avalia sub-relator  

O pecuarista José Carlos Bumlai, que prestaria depoimento nesta terça-feira (24) na CPI do BNDES, sobre as suspeitas de tráfico de influência e de favorecimento em contratos firmados pelo banco, foi preso na 21ª fase da operação Lava Jato. O deputado Alexandre Baldy, sub-relator de contratos internos da CPI, afirma que que os trabalhos do colegiado contribuíram com as investigações que culminaram na prisão do pecuarista, amigo do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva.
Baldy defende, ainda, que a CPI firme acordo com o juiz Sérgio Moro para compartilhamento de informações e/ou depoimento que envolvam as investigações do colegiado. “Muitos negócios de Bumlai envolvem diretamente o BNDES. A CPI tem feito um bom trabalho na análise de contratos e vai somar às atuações de Moro e da Polícia Federal.

Ainda nesta manhã, a Polícia Federal esteve na sede do BNDES, no Rio de Janeiro para obter relação de cópias de contratos que estão sob suspeita. Esta é a primeira vez que a Operação Lava Jato, esquema de corrupção instalado na Petrobrás entre 2004 e 2014, alcança o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social. Caso haja resistência, o juiz Sérgio Moro pode deferir um pedido de apreensão dos documentos.

“Esse fato nos demonstra a importância de aprofundarmos as investigações, pois a cada dia surgem novos indícios de que houve tráfico de influência na obtenção de crédito junto ao BNDES”, destaca o deputado do PSDB de Goiás.

O amigo de Lula foi citado por dois delatores da Lava Jato. O lobista Fernando Baiano declarou que repassou a Bumlai quase R$ 2 milhões destinados à mulher de um dos filhos de Lula. As usinas que envolvem o parceiro de Lula, conforme mostrou reportagem da Folha de S. Paulo, foram beneficiadas por um desvio de norma do BNDES que permitiu um aporte de 101,5 milhões de reais em suas contas, embora as empresas não tenham apresentado condições de honrar com o empréstimo. O grupo São Fernando, à época, amargava uma dívida de 1,2 bilhão de reais e suas auditorias levantavam dúvidas sobre a “capacidade de continuidade” da empresa.

Alexandre Baldy reage com estranheza o fato de Bumlai estar em Brasília e não confirmar presença na CPI. “Os advogados pararam de atender a secretaria da CPI e não confirmaram que o pecuarista estaria presente para prestar depoimento”, disse. Bumlai enviou à comissão documento em que reforça que são seus filhos – e não ele – os proprietários de empresas investigadas pelos parlamentares: as usinas São Fernando Energia 1 e São Fernando Açúcar e Álcool, localizadas em Dourados, no Mato Grosso do Sul. “Esse argumento não convenceu nenhum integrante do colegiado”, conclui.

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